Nascer de novo



Falemos agora da célebre conversa de Jesus com Nicodemos. E observemos abaixo esse trecho bíblico integralmente:

"1 Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. 2 Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. 3 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. 4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? 5 Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7 Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo. 8 O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 9 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto? 10 Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas? 11 Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho! 12 Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?" (João 3,1-12).

A passagem bíblica acima é a que mais trabalho causa aos fundamentalistas, que, a qualquer custo, tentam, através de enormes malabarismos exegéticos e hermenêuticos, descaracterizar qualquer sentido reencarnatório do Livro Sagrado. Todavia, esse esforço é em vão, pois é fato: se “concordam ou não”, A REENCARNAÇÃO ESTÁ NA BÍBLIA e, independentemente se acreditam ou desacreditam, irão reencarnar de qualquer maneira.11 Sobre o texto bíblico anteriormente citado, alguns pontos devem ser esclarecidos aos leitores. Vejamo-los nos tópicos adiante:

1. - Quanto à expressão "Nascer de novo":

Muitos, para desqualificar a reencarnação, afirmam que Jesus teria dito: “AQUELE QUE NÃO NASCER DO ALTO”. Entretanto, pelas perguntas de Nicodemos ao Cristo, feitas no versículo 4, percebemos que Nicodemos entendeu perfeitamente aquilo que o Divino Mestre falara, ou seja, "Nascer de Novo", e não "Nascer do Alto", como querem alguns. Assim, notamos, em Atos 23,8, que os fariseus acreditavam em ressurreição, anjos e espíritos, e como Nicodemos era um desses, provavelmente o mesmo também acreditava na reencarnação; afinal ele entendera quando o Sublime Nazareno lhe disse "que seria preciso nascer de novo"; a dúvida que lhe ficou foi quanto ao fato de como isso poderia acontecer (João 3,4). O Excelso Messias responde ao indagador, nos dois versetos seguintes, fazendo uma nítida distinção entre os elementos “material e espiritual”. No primeiro, Ele alude à água, considerada na época como substância geradora da vida. Posteriormente, conclui de forma lógica ao dizer: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (João 3,6).

2. - Quanto ao Batismo:

Em contrapartida, diversas pessoas, para descaracterizarem a reencarnação dizem: Em João 3,6, quando está escrito "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito", devemos observar que Jesus está se referindo ao nascer de Deus em nós, pois o primeiro "Espírito" começa com maiúscula e significa que é o Espírito Santo de Deus. Fora do Evangelho, lembro-me de Paulo que disse: "Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres" (I Coríntios 15,40). Ora! Como sabemos, "todo espírito vem de Deus". Agora, por isso, usar "termos dogmáticos", insinuando o "batismo", para assim, descaracterizar a reencarnação, não tem sentido. Alguns, com o intuito de encobrir a reencarnação que, incontestavelmente, está na Bíblia, apegam-se nas palavras “Espírito” (com letra maiúscula e querendo dizer Espírito Santo de Deus) e “água”, e dizem que quando Jesus as falou, Ele estava se referindo ao batismo, e não às vidas múltiplas. Essa hipótese não procede de maneira alguma pelo fato de que:

1) - A prática ritualista da época era a circuncisão, não porém, o batismo.

2) - Quanto ao último, este fora criado por João Batista, e nem todos os judeus seguiram o mencionado ritual.

3) - Nicodemos era um dos principais fariseus, letrado no que diz respeito à lei de Moisés e aos ensinos farisaicos, consequentemente, deveria ser circuncidado, senador que era dos judeus, membro do Sinédrio e bem informado, portanto, quanto ao assunto relacionado com o batismo, esse não lhe interessaria.

4) - Ademais, hoje sabemos que passamos nossa vida fetal, envoltos no “líquido amniótico12”. Assim sendo, podemos dizer tranquilamente que, de certa forma, “nascemos da água”, não é mesmo?

5) - O batismo que João Batista praticava, na época, era o “Batismo do Arrependimento”, e não como as igrejas cristãs nos passam que “o mesmo serve para nos livrar do pecado original, e para nos iniciarem nos sacramentos dogmáticos dessas instituições”.

Obs.: Corroborando nossa fala anterior, nos trechos bíblicos a seguir, vemos os 2 primeiros Evangelistas afirmarem o que foi dito logo acima.

"Naqueles dias apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia, dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus;" "e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados." "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento,” "Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível." "assim apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados." (Mateus 3,1-2.6.8.11-12; Marcos 1,4).

6) - No caso do batismo ser tão importante, perguntamos: “por que Jesus não deu o exemplo batizando a Nicodemos? Esse encontro não seria uma excelente oportunidade para Jesus batizá-lo?

7) - E por que Ele, O Sábio dos Sábios, não batizava ninguém?

8) - Pensamos que a reencarnação deve ser vista na Bíblia e, de modo especial, nos Evangelhos, de forma literal e não simbólica como querem alguns, com o único propósito de retirar a ideia da palingenesia do Livro Sagrado. Ademais, a fala do Sublime Jardineiro, nos versículos 5 a 7 do terceiro capítulo do Evangelho do apóstolo João, deixa bem claro que seus dizeres referiam-se a “nascer de novo”, os quais nada têm a ver com o “batismo” como muitos pretendem forçadamente demonstrar. Narraremos os supracitados dizeres, vendo o passo bíblico a seguir, o qual reproduz o que falamos:

“5 Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7 Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.” (João 3,5-7).

9) - Para confirmar nossos dizeres quanto às vidas sucessivas serem uma realidade, traremos por final o último versículo dito por Jesus nessa conversa; Ei-lo adiante: "Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?" (João 3,12). Reparemos que o Divino Messias, coloca a reencarnação (expressão NASCER DE NOVO, como um fato terrestre e não como um evento vindo do Céu como o BATISMO ou NASCER DO ALTO.

3. – Quanto à nossa salvação:

A pergunta que não quer calar é: “será que, visto que João Batista praticava o “batismo do arrependimento” (ver Mateus 3,1-2.6.8.11-12; Marcos 1,4) e não como o vemos hoje, o qual, na verdade, serve mesmo é para filiar os indivíduos às igrejas, mantendo esse “comércio religioso” extremamente lucrativo, como é visto nos tempos atuais, perguntamos: “será que o batismo é realmente necessário”?

Nesse momento, lembremos o Cristo: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mateus 6,24).

Afirmamos: “o dinheiro é dos homens, não de Deus”.

O Amado Galileu também nos fala que “nos será dado segundo nossas obras” (Mateus 16,27).

Visto tudo isso, voltamos a indagar: sendo que o próprio Cristo nos fala que “as obras é que são importantes para a nossa salvação”, será mesmo que o batismo é fundamental ou ele é invenção dos homens para prender-nos às igrejas cristãs e a seus rituais lucrativos?