Reencarnacionistas



Era crença comum que uma pessoa poderia retornar à vida em outro corpo. Isso fica claro, quando, Jesus, falando a seus discípulos (Mateus 16,13-14) e o rei Herodes referindo-se a João Batista (Lucas 9,7-9), como também na passagem do “Cego de nascença” (João 9,1-2), mostram-nos que o povo acreditava que o primo do Amado Mestre Nazareno poderia ter reencarnado e não ressuscitado; entretanto, os populares da época não sabiam como todo o processo reencarnatório se dava.

Percebemos que o aramaico (Língua falada na época e naquelas regiões) era bastante limitado; assim, o verbo “reencarnar e derivados”, eram substituídos por “ressuscitar e provenientes”. Todavia, observemos os 3 trechos evangélicos citados anteriormente:

“Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas.” “Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava, e ficou muito perplexo, porque diziam uns: João ressuscitou dos mortos; outros: Elias apareceu; e outros: Um dos antigos profetas se levantou. Herodes, porém, disse: A João eu mandei degolar; quem é, pois, este a respeito de quem ouço tais coisas? E procurava vê-lo.” “E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (Mateus 16,13-14; Lucas 9,7-9; João 9,1-2).

Encontramos em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo IV, item 4, a melhor explicação comparativa, entre a reencarnação e a ressurreição. Vejamo-la a seguir:

A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As ideias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado. (KARDEC, 1996, p. 84).

Obs.: Sabemos que o conhecimento do povo daquele tempo era muito limitado, principalmente no que se tratava quanto às coisas ligadas aos assuntos religiosos. Devido a esse fato, em certa ocasião, O Sublime Mestre Nazareno disse aos seus apóstolos:

“Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora.” (João 16,12).

Assim sendo, e tendo ciência de que a reencarnação seria entendida pela humanidade do futuro, O Divino Rabi limitou-se a deixar tudo como estava, certo de que as vidas múltiplas seriam explicadas pelo Consolador Prometido por Jesus7; em outras palavras: pelo Espiritismo.